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"Conseguimos aprender a voar como os pássaros e a nadar como os peixes, todavia não conseguimos aprender a simples arte de viver como irmãos." - Martin Luther King

terça-feira, 8 de junho de 2010

Dar e Receber

No dia 6 de Junho de 2010 foi o baptizado do meu sobrinho e pensava eu que esse dia seria vivido à volta desse momento de celebração. Em parte, enganei-me...
É claro que foi um dia de felicidade para mim, mas por momentos tornou-se um dia de reflexão pelo facto de ter presenciado algo que mexeu comigo.
O local de celebração do baptizado estava cheio de gente, mas nesse mar de pessoas, houve uma que me chamou a atenção: uma jovem rapariga pedia esmola na escadaria da igreja. Mas não foi o seu acto de pedir que me prendeu a atenção. Foi o facto de muitas e muitas pessoas passarem e nem sequer se dignarem a olhar para ela e dirigirem uma resposta, positiva ou não, ao seu pedido. O que me entristeceu foi o absoluto desprezo dado aquela jovem.
Eu não acredito em Deus ou Deuses e, por isso, não professo qualquer religião, mas acredito nos valores que a igreja supostamente defende. E é nestes valores morais e humanos que procuro reger a minha vida e a minha relação com os outros.
Por isso pergunto: o que estava aquela gente toda a fazer na igreja? Vão lá fazer o quê? Expurgar os seus pecados quando o maior pecado que cometem é ignorar o pedido de um ser humano? Que gente é esta? Será que vão à igreja apenas para ver quem passa? Fico estarrecido com a falta de consiência e de humanismo nas pessoas...
Foram muito poucos os que se dignaram a dar uma esmola ou a oferecer comida à rapariga.
Eu podia ter dado algum dinheiro à igreja para a realização de obras tal como pediam num pequeno papel pousado sobre os bancos. Contudo, preferi sair daquela casa e vir cá fora dar algum dinheiro à jovem pedinte para ela poder, de algum modo, realizar obras e construir a sua vida.
Enquanto Educador Socioprofissional pensei, seriamente, nas questões da inclusão social e da necessidade de educar as pessoas que precisam ser inseridas na sociedade. Mas também pensei na urgência da educação para quem já está inserido na sociedade e julga que nunca passará por uma situação de exclusão social.
Nesta vida nada é garantido e quando temos a "barriga cheia" julgamos que somos mais que os outros e que nada nos pode acontecer.
Hoje estou aqui a escrever no blogue e numa cadeira confortável, mas amanhã poderei estar a passar fome e nem ter uma casa onde viver...
P.S: Só entrei na igreja por respeito à minha família, pois aquele espaço é algo com o qual não me identifico e, por isso, não sinto qualquer necessidade de frequentar. Como em qualquer regra existe a excepção, esta é dedicada aos meus familiares mais próximos.

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